Era mais uma tarde no parque, mas naquele dia era muito mais uma moça, que parecia ter prendido os cabelos desajeitadamente em um rabo de cavalo meio frouxo que deixava um belo tufinho de cabelos assanhados alcançando o pescoço, despertava uma vontade tola de querer tentar coloca-los no lugar só servindo de desculpa para toca-la.
Ela pareceu perceber ser olhada e distraidamente passou os olhos pelas pessoas que estavam próximas e que não a olhavam, pelo menos não naquele instante... Depois de percorrer quase todos os olhares ocupados pousou nos meus aqueles castanhos olhos que antes pareciam negros por estarem na sombra e se despediu como quem não percebe o encontro fatídico que é o toque desses loucos instrumentos livres, mas que bom que o sol ressurgiu por entre os feixes de luz que as árvores deixavam escapar para me mostrar o seu moreno aveludado, e aquilo era um conjunto quase perfeito. A boca agora brilhava, depois de ser amaciada por uma língua que à pouco passou para deixar um lindo rastro de saliva tornando-a mais avermelhada e bem desenhada.
Ela voltou a me olhar, agora mais rapidamente, só para verificar se ainda a alhavam ou era impressão o peso que sentia sobre o seu corpo não tão pequeno, nem tão delicado. Conseguiu tirar sua dúvida quando, já sabendo onde procurar um observador, encontrou novamente meus olhos, simplismente porque eu não conseguia desvia-los...
E por mais que esse encontro de olhares durassem apenas dois segundos e fosse tardio tentar focar outro objeto eu consegui fazê-lo, não lembro se o que vi foram folhas ou nuvens, só sei que a imagem dela agora se formava em qualquer lugar e certamente me acompanharia por muito tempo os traços daquele rosto.
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