sábado, 18 de dezembro de 2010

Para que tu ouças
minhas palavras (...)
Muito mais que minhas são tuas.
Vão esgueirando-se em minha velha dor como as heras.
Elas esgueirando-se assim pelas paredes úmidas.
Sóis vós a culpada deste jogo sangrento.
Elas estão esvaindo-se de minha guarida escura.
Tudo tu a invades, tudo tu a invades. (...)
Agora quero que digam o que quero dizer-te
para que tu me ouças como quero que me ouças. (...)
Ama-me, companheira. Não me abandones. Siga-me.
Siga-me, companheira, nessa onda de angústia.
Porém se vão tendo com teu amor minhas palavras.
Tudo o que ocupas tu, tudo o que o ocupas.

Pablo Neruda - Vinte Poemas de Amor (Poema 5)

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