sábado, 18 de dezembro de 2010

Para que tu ouças
minhas palavras (...)
Muito mais que minhas são tuas.
Vão esgueirando-se em minha velha dor como as heras.
Elas esgueirando-se assim pelas paredes úmidas.
Sóis vós a culpada deste jogo sangrento.
Elas estão esvaindo-se de minha guarida escura.
Tudo tu a invades, tudo tu a invades. (...)
Agora quero que digam o que quero dizer-te
para que tu me ouças como quero que me ouças. (...)
Ama-me, companheira. Não me abandones. Siga-me.
Siga-me, companheira, nessa onda de angústia.
Porém se vão tendo com teu amor minhas palavras.
Tudo o que ocupas tu, tudo o que o ocupas.

Pablo Neruda - Vinte Poemas de Amor (Poema 5)

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Conta pra alguém do que você sente
conta por quem sente
pra quem sente.

Conta que você quer cuidado e carinho
e que não aguenta mais essa história de ter que esperar
Você quer mais é correr atrás

Quer e precisa sentir o frio na barriga de novo
a felicidade de quem conseguiu o que queria.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Isso que você mostra pra todo mundo é engraçado e muitas vezes ignorante, sorte a minha de já ter visto quanta beleza você esconde.
Eu contei para aquela amiga que você conhece, da sua delicadeza, seu carinho, sua sensibilidade, do amor que você tanto esconde, ela não acreditou, disse que não era fácil te imaginar assim, tive que jurar e descrever cada movimento seu. Foi engraçado sabe, ela riu, eu também, mas você sabe que eu só consegui rir depois de algum tempo.
Foi bom ter te visto transparente, é bom te ver assim.

-Suponha você, que está no seminário e recebe notícias de que vou morrer...
-Não fale em morrer, Capitu.
-Ou que me mato de saudades se você não vier logo.

Dom Casmurro, de Machado de Assis

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

"Quanto tempo demora? - perguntou ele. - Não sei. Um pouco.
Sohrab deu de ombros e voltou a sorrir, desta vez era um sorriso mais largo.
- Não tem importância. Posso esperar. É que nem maçã ácida.
- Maçã ácida?
- Um dia, quando eu era bem pequenininho mesmo, trepei em uma árvore e comi uma daquelas maçãs verdes, ácidas. Minha barriga inchou e ficou dura feito um tambor. Doeu à beça. A mãe disse que, se eu tivesse esperado as maçãs amadurecerem, não teria ficado doente. Agora, quando quero alguma coisa de verdade tento lembrar do que ela disse sobre as maçãs."

(Khaled Hosseini em: O Caçador de Pipas)
Eu sabia que me sentiria viva enquanto você estivesse presente.
Eu sabia que quando desaparecesse faria essa falta toda, sabia que deixaria morno o resto dos dias.
Morno, não morto, esperança também aquece.

domingo, 5 de dezembro de 2010





















De todas as almas criadas
Escolhi
uma.

Emily Dickinson



livre, porque dizem que se conquistei voltará, como um pássaro que gostou de cantar em uma janela em especial.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Demoras e Ausências

É fácil falar de espera
quando não é você que está do outro lado da linha
enquanto não é sua caixa de correios que lota de cartas
e não é sua casa que tem paredes de sobra

É simples não se preocupar com o tempo
quando não é o seu corpo que acumula ausências
enquanto não é sua boca que guarda beijos para depois
e não é a sua pele que se perfuma para ninguém

Seria lindo e ótimo poder observar e
aconselhar que é importante esperar, aguardar
mas agora não dá mais,
estou com vontade de morrer...
de encontro e felicidade.


Cáh Morandi