segunda-feira, 16 de abril de 2012

Duas ou três...


É o seguinte, eu não sei nem como descrever a cena. Só sei que parecia um daqueles filmes Europeus que pouca gente por aqui gosta/assiste...
Elas chegam no quarto, largam as sandálias que nem nos pés estavam mais. Tinham duas camas de solteiro, era quase evidente que uma delas continuaria vazia, teimosamente se dividiram uma em cada e fizeram meio segundo de silêncio. Uma das mãos encontrou a cintura da outra e um leve convite soou:
-Vem pra cá!
Quase como um instinto a outra escorregou até dividirem a mesma cama. Deitada de costas, sendo cuidada e abraçada ela sentiu toda a saudade invadir de uma só vez, virou e mesmo no escuro conseguiram se olhar nos olhos. Dali em diante foram incontáveis beijos. Ternos, de saudade, de carinho, quentes. E mais abraços e olhares e conversas desconexas, mas que faziam todo o sentido pra elas:
-Eu queria ter estado lá, você sabe.
...
-Parabéns, parabéns!
...
-Eu te odeio. Tanto. Tanto.
...
Chegou a ser irônico o auto-controle pra quê? de uma, que por um lapso de lucidez parou tudo bruscamente e exatamento no momento em que o mundo tinha parado por elas.
-Imagina só se alguém abre essa porta...
Nada aconteceria, o mundo era mudo, era pausa, o sol esperava com calma pra só depois ter que aparecer e suga-las pra realidade.
Os medos deviam mesmo deixar para serem vividos depois, talvez durante o pôr-do-sol, quando se para pra pensar e entende que Deus está cuidando de tudo, nos deixando fortes e na verdade (finalmente), pra quê medo mesmo?
Não é tão simples assim, mas naquele momento parecia. Era a presença de uma, da outra e nada mais.
Ainda entre beijos espalhados por rostos e pescoços ela adormeceu recebendo amor e carinho nos cabelos. A outra não, aproveitava o abraço que esperou por muitos dias, talvez tenha pensado 'deveria ser simples' ou 'quanto vou ter que esperar pra viver isso de novo?' ou mesmo nem tenha pensado em nada, só percebeu que aquele momento era especial. Deixou escapar duas ou três lágrimas, uma delas foi secar nos cabelos da outra que já (bela) adormecida nem chegou a perceber. Depois conseguiu, finalmente, adormecer também. Com a moça em seus (a)braços, duas ou três lágrimas a menos no estoque, um carinho imenso no peito e novas memórias.